Confira!

"Vida de adolescente não é moleza e isso não é segredo! Leo que o diga. Hospedado na casa da avó Helena, enquanto o pai estava trabalhando na Europa, ele andava cansado da rotina, entediado com tudo. Foi salvo pela música. A sorte grande chegou em caixas de discos de vinil que Leo ganhou de presente. Claro que você deve saber que vinil é aquela espécie de plástico que antigamente se usava para prensar discos. Antes dos CDs e das músicas disponíveis via internet, todo mundo comprava os chamados long plays, algo como bolachões pretos lotados de música. Pois Leo se viu diante de um monte deles e os colocou para rodar, descobrindo um pretexto para lá de especial para reunir os amigos, conquistar garotas e entender melhor o pai e a família. Dos Beatles ao Legião Urbana, as combinações se juntaram numa trilha sem igual, com muito rock and roll. A vida de Leo nunca mais foi a mesma. E, se aconteceu com ele, pode acontecer co você também. Leo encontrou as caixas de música e você acaba de encontrar o Leo. Pelo visto, uma sorte puxa outra. Portanto, curta essa aventura, aumente o som e prepare-se porque isso aqui é só o começo! Se você achava que esse barulho todo ia parar por aqui, errou feio! Este é o primeiro volume da coleção Trilhas: uma viagem musical. Depois de muito rock and roll, Leo vai experimentar novos lugares e ritmos, e tudo indica que você já está dentro, como convidado dessa história!

Autor: Ricardo Prado
Gênero: Infanto-juvenil
Número de páginas: 166
Local e data de publicação: Rio de Janeiro, 2009
Editora: Casa da Palavra

Uma aventura musical


Como na maioria dos livros deste gênero, em Leo e as caixas de música nós temos acesso a um protagonista com quem todos que somos jovens vamos nos identificar prontamente: Leo é um adolescente que gosta de ouvir música, sair com os amigos, e tem grandes dificuldades para compreender seus pais. Isso não é novidade pra ninguém, certo? Certo. Mas temos aqui alguns elementos que o diferenciam de muitos outros livros com protagonistas adolescentes, que eu li até enjoar quando era mais nova.
Indo ao cinema com meu namorado, por acaso passamos por um daqueles mercados que ficam na parte interna dos shoppings, e lá dentro, bem na entrada, encontramos duas cestas enormes repletas de livros, todos custando apenas dez reais. Não dava pra deixar de aproveitar aquela promoção! Eu tratei de parar ali na frente para procurar por algo que me interessasse. E entre as escolhas que nós dois fizemos naquele dia, lá estava Leo e as caixas de música, um livro do qual nunca tínhamos ouvido falar, mas que decidimos comprar e ler porque, lendo o comentário de Ana Maria Machado na parte de trás, acreditamos que a história se tratava de música - especialmente de rock. Nós o compramos com empolgação, junto com outros volumes que nos interessaram. E foi uma ótima escolha!
Leo é um adolescente de família rica no Rio de Janeiro, no ano de 1989. Seu nome na verdade é Leopoldo Armando Toledo de Albuquerque Paranhos, Abneto. Ele vem de uma família de embaixadores, na qual todos os filhos recebem o mesmo nome, em homenagem a um ancestral que viveu na época do Brasil Império. O segundo nome seria uma homenagem ao seu padrinho, conforme a tradição. Ele odeia esse nome enorme, e também essa tradição de família esquisita. E não se dá muito bem com seu pai: Leopoldo Henrique parece um homem extremamente formal e um tanto autoritário, sempre cobrando responsabilidades e formalidades demais.
Além disso, os pais de Leo viajaram para Praga, a capital da República Checa, onde o pai dele representará o Brasil, pois é embaixador. Ele está chateado por ser "deixado para trás", para terminar o ano no colégio. Até o fim desse ano, ele ficará morando com sua avó Helena, de quem ele gosta muito. O grande acontecimento que dá razão a toda a história do livro é o dia em que Helena decide dar de presente a ele a grande coleção de discos que ela fez e que mais tarde seu filho ampliou. Eram caixas e mais caixas repletas de LP's, e muitos deles vinham acompanhados de fichas escritas pelo pai de Leo, contendo informações e comentários sobre cada disco, além de conexões estabelecidas com outras bandas, discos e músicas. Leo fica impressionado com aquilo, e resolve começar uma série de reuniões com seus melhores amigos da escola, para que todos pudessem ouvir boa música e conhecer mais sobre tantas bandas legais das quais eles não sabiam quase nada. A partir daí, ele conhece um mundo completamente novo!
Através dessas reuniões, ele se diverte muito com os amigos, conhece muita música boa, e o melhor de tudo: descobre que seu pai não era um cara tão chato quanto ele acreditava! Lendo as anotações nas fichas relativas a cada álbum, ele descobre uma pessoa diferente na figura do pai quando jovem, e assim, consegue desenvolver um afeto por ele, mesmo a distância.

"Eu estava fascinado. Minha sensação é de que aquelas caixas que Helena trouxera
criaram um vínculo de mistério, e de verdade,
entre mim e um momento de história, revolução e rock and roll."

Este se trata de um livro relativamente simples, escrito para crianças e adolescentes, com linguagem fácil e grande quantidade de diálogos, usando até mesmo gírias da época. É também uma história curta, com pouco mais de 150 páginas, que pode ser lida em um ou dois dias, e que eu só levei uma semana para ler porque sou uma universitária procrastinadora.
É narrado em primeira pessoa, como é muito comum vermos em livros com protagonistas adolescentes, ou escritos para adolescentes. A história acontece rapidamente, e parece que tudo acontece em apenas alguns dias. A parte especial é que o livro foi escrito como se tivesse sua própria "trilha sonora", pois vários trechos marcantes são pontuados com trechos de músicas nacionais ou internacionais, algumas muito conhecidas, outras nem tanto. Por isso, esse é um livro perfeito para quem ama música e quer saber mais sobre algumas bandas como os Beatles e os Rolling Stones, ou apenas conhecer mais músicas. Essa foi a parte que mais me encantou!
Um ponto importante que devemos observar no livro são as características da época. Na época do Leo não existia internet, e ele sequer tinha computador. Para ouvir música, as pessoas compravam discos de vinil em lojas; para se comunicar com os amigos e conhecidos, escreviam cartas, ligavam pelo telefone fixo ou faziam uma visita; para fazer pesquisas, era preciso frequentar bibliotecas e ler muitos livros (o que você faria da sua vida sem o Google?); e mais uma série de outras coisas. As pessoas se vestiam e se comportavam de formas diferentes, e só as pessoas mais ricas tinham televisão. Além disso, o ano no qual a história se passa era 1989. Havíamos acabado de sair da Ditadura Militar, e a nossa atual Constituição existia há apenas uma ano. Era naquela época que bandas como a Legião Urbana estavam se consolidando e ganhando espaço no cenário nacional. É sem dúvidas uma época muito distante da nossa, e também muito interessante!
As discussões sobre música e as histórias das bandas e do rock and roll recontadas ao longo do livro são muito ricas, e contadas de forma simples e divertida. Para mim, a melhor parte foi quando falou-se sobre o festival e filme Woodstock, do qual eu não sabia absolutamente nada.
O livro faz parte de uma série chamada Trilhas: uma viagem musical, e o final deixa bem claro que existe continuação. Eu não sei se pretendo continuar, mas gostei muito de Leo e as caixas de música. As páginas inicias do livro falam a respeito de um site onde estariam disponíveis em áudio todas as músicas citadas do livro. Entretanto, tentei visitá-lo várias vezes e não consegui. Por isso, acredito que ele já não deve mais existir, e que quem quiser ouvir as músicas, deve buscá-las por conta própria.
Eu, que já ouvia várias das bandas citadas no livro, mas que não conhecia muito de suas histórias, gostei muito da leitura, que foi algo leve e divertido depois de todo o tom de seriedade de Uma Tragédia Francesa. Recomendo este livro para todos que amam música, que querem conhecer melhor a época descrita, ou que simplesmente estão procurando uma leitura simples, divertida e leve.

Aspectos positivos: boa ambientação da época; a história das bandas e do festival Woodstock é contada de forma simples e divertida, sem causar confusão; as citações de trechos de músicas tornam a leitura interativa, convidando o leitor a ouvir.
Aspectos negativos: não é possível acessar o site para ouvir as músicas descritas no livro.

3 Comentários

  1. Parece muito legal! A trilha sonora já me convenceu!! Amo as suas resenhas perfeitamente explicadinhas! Beijos!

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    1. Ahh, que comentário mais lindo! Adoro suas visitas por aqui! Espero que goste!

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