Confira!

"Enquanto um colega é reduzido a cinzas, preso ao cockpit do seu bólide em chamas, Johnny Harlow, campeão mundial e aparente causador do acidente, toma a decisão de colaborar com um seu amigo da Interpol, que está tentando desbaratar uma quadrilha internacional de traficantes que operava nas pistas de corridas. Muita coisa de ruim havia acontecido em muitas provas e essa última morte finalmente convencera Harlow de que não era mais possível esperar. Resignado a destruir a sua vitoriosa carreira de piloto, a fim de melhor trabalhar nas investigações, ele logo percebe que algumas pessoas não hesitariam em usar os meios mais inescrupulosos para impedir que ele viesse a desvendar a trama oculta desenrolada nos subterrâneos do mundo automobilístico, que se infiltrara de criminosos alheios às disputas esportivas. Mas como um gato da noite, usando de silêncio, astúcia e da arte da camuflagem cuidada nos mínimos detalhes, Harlow não se detém e, no momento oportuno, golpeia com velocidade de raio e efeito devastador, numa luta de vida ou morte que termina numa alucinante perseguição de automóvel."

Autor: Alistair MacLean
Gênero: Aventura
Número de páginas: 221
Local e data de publicação: Rio de Janeiro, 1973
Tradução: Ruy Jungmann
Editora: Record

Uma narrativa estranha


Em uma ida à biblioteca Marieta Teles Machado, aqui em Goiânia, para doar meus livros didáticos do terceiro ano, acabei pegando alguns livros na mesa de doações. Entre eles, estava este livro, que ficou "encalhado" na minha estante por meses, sem que eu tivesse coragem de pegar para ler. Recentemente, decidi participar da TBR Jar, e ele foi o primeiro livro sorteado.
Nessa história de aventura, o personagem principal é Johnny Harlow, um jovem e arrogante piloto de fórmula 1, várias vezes campeão. Ele é o piloto número da escuderia Coronado, que pertence a James MacAlpine. Este, por sua vez, é um milionário cuja esposa está desaparecida, e cujos filhos convivem com os pilotos e mecânicos da escuderia. Mary, a mais velha, está apaixonada por Johnny Harlow, e precisa deixar de ser piloto, pois um acidente criminoso lesionou seu tornozelo de maneira irreversível. Já Rory, um adolescente rebelde, está convencido de que Johnny é culpado pelo acidente que matou outro piloto e aleijou sua irmã. Outros personagens importantes são Alexis Dunnet, jornalista que acompanha a escuderia Coronado; além dos pilotos Nicola Tracchia e Willi Neubauer.
O mecânico da Coronado, Jacobson, analisa os carros para investigar qual pode ser a razão dos acidentes já frequentes. MacAlpine e Dunnet parecem estar desconfiados de Harlow, enquanto Mary insiste em acreditar nele. Enquanto isso, Harlow tenta reunir o maior número possível de provas. Porém, ficamos a todo momento cheios de perguntas: provas do quê? Provas contra quem? Para descobrir isso, é preciso ler o livro até depois da metade. Antes disso, o leitor se encontra completamente confuso.
Um fato muito curioso é a escolha para os nomes dos dois assistentes do mecânico Jacobson. Gêmeos idênticos e ruivos, os dois rapazes, de sobrenome Raferty, são chamados de Tweedledum e Tweedledee. Você deve ter achado os nomes familiares, e não é à toa! Esse é o nome de personagens do livro de Lewis Caroll Alice através do espelho, que aparecem também na adaptação da Disney de Alice no País das Maravilhas, e no filme Alice in Wonderland, dirigido por Tim Burton. Estou falando desses dois aí embaixo:

Tweedledum e Tweedledee na adaptação da Disney.

Tweedledum e Tweedledee na adaptação de Tim Burton.
 Passei boa parte do livro me perguntando se já não conhecia aqueles nomes, até que decidi pesquisar, e acabei me deparando com essa curiosidade. A escolha pode ter sido feita para fazer uma alusão ao fato de os dois garotos serem muito parecidos, assim como os personagens de Lewis Caroll. Entretanto, não tenho certeza sobre isso, e a única outra resenha deste livro que encontrei não diz nada a respeito.
É uma história contada em terceira pessoa, com doze longos capítulos, que fazem alternância entre as ações de vários personagens diferentes. Trata-se daquela técnica de mostrar o que os personagens estão fazendo ao mesmo tempo e lugares diferentes.

"Mais uma vez a Ferrari varava a noite.
Harlow não ia devagar, nem tampouco exigia tudo do carro.
Como na viagem de Marselha a Bandol, parecia não haver pressa."

Quero dizer desde o início que não foi uma boa leitura. A história é interessante, mas creio que tenha sido mal escrita. As primeiras cem páginas do livro são uma confusão sem fim, porque além de não compreender bem as circunstâncias do acidente que mata um piloto e parece incriminar Harlow, o leitor demora para conhecer os personagens e descobrir a personalidade de cada um. Temos uma sucessão de passagens e trechos que parecem não se encaixar muito bem, como se fosse cenas desconexas. Vemos as especulações acerca do futuro da carreira de Harlow, vemos que procura se isolar da equipe da Coronado, entrando escondido em lugares e procurando por algo que ninguém sabe o que é. Também ficamos sem entender qual a relação entre ele e Mary (afinal, eles já namoravam, ou estavam no início de um envolvimento?). Também não sabemos quando e nem como a esposa de MacAlpine despareceu. Como deu pra ver, muita coisa não foi explicada.
Além disso, MacLean ou Ruy Jungman (o tradutor) cometeu um erro grave. Em quase toda a sua composição, a história tem parágrafos com períodos muito longos, que dificultam o entendimento e produzem confusão. Além disso, as falas dos personagens não parecem naturais em alguns momentos. Frases como "Ora, ora, quem diria" são ditas em certos momentos. A repetição de expressões ou até frases inteiras também acontece durante os diálogos, e torna a leitura cansativa.
O final, apesar de concentrar os maiores picos de ação da história, e de colaborar para que o leitor finalmente compreenda o que está acontecendo e por que, deixa a desejar. Uma perseguição com veículos caros de alta potência resulta numa grande explosão... E é só. Não sabemos o que acontece a seguir: quem é pego pela polícia, como ficam os relacionamentos entre os personagens, se Johnny continua correndo pela Coronado, etc. Muitas perguntas são deixados sem resposta, e tudo parece acabar porque o autor já estava cansado.
A morte na poeira é uma história que tinha tudo para ser muito boa, mas que acabou sendo estragada no próprio processo de escrita. O livro talvez possa ser recomendando para novos leitores, isto é, pessoas que não têm ainda o costume de ler, ou que estão começando agora. Entretanto, um leitor mais experiente com certeza ficaria incomodado com algumas das coisas que citei nessa resenha.

Aspectos positivos: aventura e ação constantes; pode ser um bom atrativo para novos leitores.
Aspectos negativos: os diálogos não parecem naturais; é difícil identificar as características próprias de cada personagem; frases muito longas dificultam o entendimento; o início da história é confuso; o final não conclui realmente a história.

Por: Lethycia Dias

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